Não é só inteligência: o que você precisa saber sobre Altas Habilidades/Superdotação
- Carla Luciana da Conceição Lima
- 9 de jun.
- 2 min de leitura
Quando falamos em crianças superdotadas, muita gente pensa logo em gênios da matemática ou pequenos prodígios das letras. Mas e se eu te dissesse que essa é uma visão ultrapassada? Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) vai muito além do boletim com notas altas. Envolve criatividade, envolvimento intenso com tarefas e um jeito completamente singular de perceber o mundo.
Mitos e dúvidas comuns
• "Criança com altas habilidades não precisa de ajuda, já vai bem sozinha" — Falso. Elas também sofrem, sentem exclusão e podem desenvolver transtornos como ansiedade e depressão se não forem acolhidas adequadamente.
• "Ser bom em tudo é sinal de superdotação" — Outro mito. A superdotação é muitas vezes altamente seletiva: a criança pode ser extraordinária em uma área e ter desempenho comum (ou até abaixo da média) em outras.
• "Superdotado é sempre aquele aluno comportado" — Nem sempre. Muitas vezes, essas crianças se entediam, questionam regras, desafiam o sistema escolar e são vistas como "problemáticas".
Se você acha que seu filho pode ter AH/SD, observe:
Ele se interessa profundamente por um assunto a ponto de perder a noção do tempo?
Cria soluções inusitadas para problemas simples?
Demonstra frustração com o ritmo dos colegas ou da escola?
Tem dificuldade de se enturmar por "não falar a mesma língua" que as outras crianças?
Esses são sinais importantes, mas não suficientes. E aqui entra a solução principal.
A teoria mais aceita hoje sobre AH/SD é a dos Três Anéis de Renzulli, que propõe que a superdotação ocorre quando três fatores se encontram:
Habilidades acima da média — não apenas QI alto, mas raciocínio avançado em uma ou mais áreas.
Alta criatividade — capacidade de pensar fora da caixa, criar soluções originais, fazer conexões inesperadas.
Comprometimento com a tarefa — envolvimento intenso e autônomo com aquilo que gosta, mesmo sem pressão externa.
Essa definição conversa com a teoria das inteligências múltiplas de Gardner, que amplia o conceito de inteligência para incluir dimensões como a musical, corporal-cinestésica, interpessoal e existencial.
Sugestões práticas para o cotidiano
Dê espaço e tempo para que a criança explore seus interesses sem cobranças excessivas.
Evite elogiar apenas o resultado; valorize o processo, o esforço e a criatividade.
Esteja atento às dificuldades emocionais e sociais: superdotados podem ser alvos de bullying e isolamento.
Busque avaliação com uma equipe multidisciplinar especializada, para confirmar o perfil e orientar intervenções.
Trabalhe a inclusão escolar: sim, a AH/SD é um dos públicos da Educação Especial, e isso dá direito a adaptações.
Altas habilidades não são um luxo, mas uma condição que exige reconhecimento, acolhimento e suporte adequados. Se você suspeita que seu filho ou aluno possa ser superdotado, procure profissionais qualificados e invista em uma escuta ativa e respeitosa. Um potencial ignorado pode se transformar em sofrimento. Um potencial compreendido pode mudar o mundo.

Você sabia?
A superdotação pode aparecer em crianças bem pequenas, antes mesmo da alfabetização.
Muitas crianças superdotadas são diagnosticadas erroneamente com TDAH ou TEA.
Não existe um "teste rápido" para detectar AH/SD. O diagnóstico é complexo e feito por equipe especializada.
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